quarta-feira, 26 de novembro de 2014
São Paulo, Brasil
O inusitado
Você acredita que na beira de uma rodovia movimentada da poluída São Paulo possa ser surpreendido por um autêntico restaurante português rodeado por videiras repletas de cachos de uvas?
A entrada se faz por um mercadinho com vários produtos expostos em prateleiras como vinhos, doces e temperos, portugueses ou não. Mais alguns passos e se chega ao restaurante decorado com cortinas brancas bordadas nas janelas e muitos pratos de porcelana nas paredes, que também estão à venda.
Haviam várias opções de bacalhau, mas naquela dia o destaque era a carne de cordeiro, muito macia e saborosa. O molho servido à parte poderia puxar mais um pouco no sabor de hortelã. O vinho, artesanal, servia uma pessoa.
É caro, mas as porções são bem servidas.
Sobra muito se for só pra uma pessoa mesmo que faminta.
Eles embrulham o que sobra para casa.
Rancho 53
Rodovia Castelo Branco, km 53, Araçariguama, Estado de São Paulo
Nº 1 de 39 Restaurantes em Araçariguama
New York, USA
É preciso ter tempo pra NY:
fugir das compras,
vivê-la como uma cidade comum como ela nunca será,
se embebedar com as sirenes, brilhar como um desconhecido super star,
se entorpecer com as luzes, querer ficar acordado por 24 horas...
E se você se apaixonar por NY,
ela te conquistou e não há mais nada que você possa fazer a não ser
ser mais um
dentro de toda essa ilusão.
domingo, 21 de setembro de 2014
Café Martinho da Arcada e A Brasileira, Lisboa
Procurar Fernando Pessoa em Lisboa é fazer reserva no Café Martinho da Arcada (aonde ele conversou com Aleister Crowley, o mago) ou no café A Brasileira. Ambos eram ponto de encontro de grandes poetas, para se falar bem da mulher amada e mal do governo.
No Café Martinho da Arcada ainda se encontra a mesa de Pessoa, fotos e alguns de seus pertences, assim como a mesa cativa de José Saramago.
"E, consequentemente, a Pátria portuguesa, pelo que respeita a criações civilizacionais, continuará na sua sonolência secular de Roldão aposentado...
E, consequentemente, Camões continuará muito sobranceiro á BRASILEIRA e ao MARTINHO, embora o não erga muito acima da sua visinhança de charlatães aquele boçalissimo pedestal, que bem receio não simbolize, assim grosseiro e inexpressivo e pesado, a alma truncada e deprimida da Pátria que lho erigiu..."
Hernâni Cidade,
in Inquérito à Vida Literária Portuguesa de Boavida Portugal,
Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1915, p. 279.
No Café Martinho da Arcada ainda se encontra a mesa de Pessoa, fotos e alguns de seus pertences, assim como a mesa cativa de José Saramago.
"E, consequentemente, a Pátria portuguesa, pelo que respeita a criações civilizacionais, continuará na sua sonolência secular de Roldão aposentado...
E, consequentemente, Camões continuará muito sobranceiro á BRASILEIRA e ao MARTINHO, embora o não erga muito acima da sua visinhança de charlatães aquele boçalissimo pedestal, que bem receio não simbolize, assim grosseiro e inexpressivo e pesado, a alma truncada e deprimida da Pátria que lho erigiu..."
Hernâni Cidade,
in Inquérito à Vida Literária Portuguesa de Boavida Portugal,
Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1915, p. 279.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Harry's Bar, Veneza
HARRY'S BAR
Calle Vallaresso, 1323
Veneza - Itália
Poderia virar as costas para aquele lugar, achando que fui muito mal atendida. Mas interpretei o jeito que o garçon me atendeu ao oferecer aquele pequeno estofado entre o caixa e a porta de saída, como sendo a única opção viável no momento.
A idéia era provar o drink mais famoso de Veneza, o Bellini, feito no lugar aonde ele tinha sido criado entre 1934 e 1948 por Giuseppe Cipriani, misturando purê de pêssego com Prosecco.
Sabia que o hotel que escolhi ficava perto, mas não imaginava o quanto. Quando perguntei ao concierge o caminho, ele deu um sorriso como se eu fizera a pergunta mais tola e descreveu os passos a serem seguidos por mim, riscando o mapa da cidade.
Era realmente muito perto. Mas a entrada era muito discreta, passei direto, cheguei à beira do canal, olhei para os lados e virei-me para trás. O nome da rua não estava correto, havia a troca de uma letra, talvez num italiano muito antigo. Ainda perdida voltei pelo mesmo caminho, quando observei algumas pessoas entrando por uma pequena porta e sim, estava lá o seu nome: Harry's Bar.
Empurrei aquela porta e foi quando se abriu para mim um espaço barulhento pelo falatório de pessoas bem vestidas de meia idade, moradores locais, alguns acomodados em mesas à direita e muitos outros amontoados à frente do bar, à esquerda. Havia um recepcionista que poderia ser facilmente confundido com um freguês pela informalidade de suas roupas mas que com gestos educados perguntou o que eu queria. Respondi que gostaria de provar o Bellini. Ele então olhou para o balcão e, por falta de lugar, me ofereceu um estofado de cor marrom que ficava entre a porta de saída e o caixa, debaixo de uma prateleira onde eram demonstrados souvenirs e livros de receitas e que poderia suportar duas pessoas sentadas. Aceitei. Os móveis de madeira, antigos, deixavam escuro o ambiente. Sentei-me e esperei.
Depois de um tempo o homem que me recepcionou entregou-me um copo alto com uma bebida gelada de cor salmão e muito saborosa. Observei que outros também bebiam o mesmo drink. De pé, no balcão. É costume os moradores de Veneza se encontrarem para um spritz no final da tarde.
Estava só, numa situação meio delicada sentada naquele lugar improvisado. Me sentia deslocada, num país estranho, com pessoas estranhas, mas o que importava para mim naquele momento era o Bellini e não teria outro dia para voltar. Então me concentrei naquela bebida e saboreei cada gota, admirando sua cor através do copo de vidro. Ao meu lado, a mulher do caixa sorria sempre que olhava pra mim. Ao terminar, entreguei o copo à ela e pedi a conta. Sem gorjeta, sem "coperto".
Santo Bellini!
Calle Vallaresso, 1323
Veneza - Itália
Poderia virar as costas para aquele lugar, achando que fui muito mal atendida. Mas interpretei o jeito que o garçon me atendeu ao oferecer aquele pequeno estofado entre o caixa e a porta de saída, como sendo a única opção viável no momento.
A idéia era provar o drink mais famoso de Veneza, o Bellini, feito no lugar aonde ele tinha sido criado entre 1934 e 1948 por Giuseppe Cipriani, misturando purê de pêssego com Prosecco.
Sabia que o hotel que escolhi ficava perto, mas não imaginava o quanto. Quando perguntei ao concierge o caminho, ele deu um sorriso como se eu fizera a pergunta mais tola e descreveu os passos a serem seguidos por mim, riscando o mapa da cidade.
Era realmente muito perto. Mas a entrada era muito discreta, passei direto, cheguei à beira do canal, olhei para os lados e virei-me para trás. O nome da rua não estava correto, havia a troca de uma letra, talvez num italiano muito antigo. Ainda perdida voltei pelo mesmo caminho, quando observei algumas pessoas entrando por uma pequena porta e sim, estava lá o seu nome: Harry's Bar.
Empurrei aquela porta e foi quando se abriu para mim um espaço barulhento pelo falatório de pessoas bem vestidas de meia idade, moradores locais, alguns acomodados em mesas à direita e muitos outros amontoados à frente do bar, à esquerda. Havia um recepcionista que poderia ser facilmente confundido com um freguês pela informalidade de suas roupas mas que com gestos educados perguntou o que eu queria. Respondi que gostaria de provar o Bellini. Ele então olhou para o balcão e, por falta de lugar, me ofereceu um estofado de cor marrom que ficava entre a porta de saída e o caixa, debaixo de uma prateleira onde eram demonstrados souvenirs e livros de receitas e que poderia suportar duas pessoas sentadas. Aceitei. Os móveis de madeira, antigos, deixavam escuro o ambiente. Sentei-me e esperei.
Depois de um tempo o homem que me recepcionou entregou-me um copo alto com uma bebida gelada de cor salmão e muito saborosa. Observei que outros também bebiam o mesmo drink. De pé, no balcão. É costume os moradores de Veneza se encontrarem para um spritz no final da tarde.
Estava só, numa situação meio delicada sentada naquele lugar improvisado. Me sentia deslocada, num país estranho, com pessoas estranhas, mas o que importava para mim naquele momento era o Bellini e não teria outro dia para voltar. Então me concentrei naquela bebida e saboreei cada gota, admirando sua cor através do copo de vidro. Ao meu lado, a mulher do caixa sorria sempre que olhava pra mim. Ao terminar, entreguei o copo à ela e pedi a conta. Sem gorjeta, sem "coperto".
Santo Bellini!
terça-feira, 22 de abril de 2014
Mercado San Antón, Madrid
Pate de ciervo com higado de oca al oporto
O espanhol grande e forte colocou os braços ao lado da cabeça e, como que chifrando alguma coisa, tentava imitar um veado, por trás de um balcão de um grande e movimentado mercado, para me explicar o que estava escrito no rótulo do patê que pretendia vender. Isso aconteceu em Madrid, enquanto eu visitava o Mercado San Antón, que fica no bairro Chuecas, a algumas quadras a pé do meu hotel.
Procurava por lugares pouco turísticos e este mercado é bem freqüentado pelo madrileño no dia a dia. O patê foi recomendado por ele pois eu queria algo bom e diferente e este só era produzido uma vez ao ano, por causa da temporada de caça. E esta semana eu o provei. De sabor forte e muito saboroso, a cada mordida me faz lembrar o espanhol com seus chifres imaginários na cabeça.
Como comprar o patê sem sair de casa
http://pates.uvinum.pt/pate-veado-com-figado-de-ganso-com-porto-200g
O espanhol grande e forte colocou os braços ao lado da cabeça e, como que chifrando alguma coisa, tentava imitar um veado, por trás de um balcão de um grande e movimentado mercado, para me explicar o que estava escrito no rótulo do patê que pretendia vender. Isso aconteceu em Madrid, enquanto eu visitava o Mercado San Antón, que fica no bairro Chuecas, a algumas quadras a pé do meu hotel.
Procurava por lugares pouco turísticos e este mercado é bem freqüentado pelo madrileño no dia a dia. O patê foi recomendado por ele pois eu queria algo bom e diferente e este só era produzido uma vez ao ano, por causa da temporada de caça. E esta semana eu o provei. De sabor forte e muito saboroso, a cada mordida me faz lembrar o espanhol com seus chifres imaginários na cabeça.
Como comprar o patê sem sair de casa
http://pates.uvinum.pt/pate-veado-com-figado-de-ganso-com-porto-200g
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Solar dos Presuntos, Lisboa
Restaurante Solar dos Presuntos
Este restaurante estava na minha lista quando fui a Lisboa. Caso o encontrasse. E caminhando pelas ruas, o encontrei. Não tinha reservas e fui bem acomodada numa mesa logo próximo à entrada, à frente de um enorme aquário com muitas lagostas e outros crustáceos ainda vivos. As paredes estavam cobertas com fotos de famosos, como Cristiano Ronaldo e Figo. Não encontrei a minha...
Pedi de entrada um prato de presunto pata negra que foi servido com pão quentinho, azeitonas e manteiga. Como prato principal, açorda de lagosta e gambas no pão acompanhado pelo vinho da casa. O prato foi servido em uma panelinha muito quente e o preparo terminou na minha mesa pelo garçon, que parecia misturar gemas a uma espécie de pirão. Era comida pra dois, mas comi tudo sozinha. Estava muito bom, mas na minha opinião ficaria melhor com um toque a mais de pimenta. Chamei o garçon que me trouxe uma pequena garrafa de "piripiri" em conserva, sob a recomendação para que moderasse na dose, pois era uma pimenta muito forte. Para convencer, ele me mostrou, rindo, o rótulo com o nome "Viagra".
Presunto Pata Negra
A cordialidade no atendimento
Açorda com pimenta
http://www.solardospresuntos.com/pt-pt/ementas.aspx
Este restaurante estava na minha lista quando fui a Lisboa. Caso o encontrasse. E caminhando pelas ruas, o encontrei. Não tinha reservas e fui bem acomodada numa mesa logo próximo à entrada, à frente de um enorme aquário com muitas lagostas e outros crustáceos ainda vivos. As paredes estavam cobertas com fotos de famosos, como Cristiano Ronaldo e Figo. Não encontrei a minha...
Pedi de entrada um prato de presunto pata negra que foi servido com pão quentinho, azeitonas e manteiga. Como prato principal, açorda de lagosta e gambas no pão acompanhado pelo vinho da casa. O prato foi servido em uma panelinha muito quente e o preparo terminou na minha mesa pelo garçon, que parecia misturar gemas a uma espécie de pirão. Era comida pra dois, mas comi tudo sozinha. Estava muito bom, mas na minha opinião ficaria melhor com um toque a mais de pimenta. Chamei o garçon que me trouxe uma pequena garrafa de "piripiri" em conserva, sob a recomendação para que moderasse na dose, pois era uma pimenta muito forte. Para convencer, ele me mostrou, rindo, o rótulo com o nome "Viagra".
Presunto Pata Negra
A cordialidade no atendimento
Açorda com pimenta
http://www.solardospresuntos.com/pt-pt/ementas.aspx
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
San Francisco, USA
Visto de cima as montanhas parecem cobertas por um tapete macio de veludo verde. E também é verde o mar da baía de São Francisco que quase se funde ao céu como uma cor só, não fosse uma interminável faixa de nuvens peroladas unidas como um grande colar, por eles chamado de fog.
Com maior atenção já consigo ver o movimento das ondas na borda recortada do litoral como renda do mais fino bordado .
A visibilidade é boa, o céu está limpo e o tempo é bom. O sol deixa sombras no relevo acidentado dando um ar surreal. Voando mais baixo, já posso ver alguns barcos deixando seus rastros no mar como se fossem pipas no céu. Estou cada vez mais perto. Pequenas casas surgem entre veias e artérias de ruas e avenidas de fluxo intenso do vai e vem dos automóveis.
A cidade está viva.
A próxima cena é indescritível. Alagados, ilhas, amontoados de casas verdes, amarelas, alaranjadas de todo tom. Iates ancorados , verde musgo intenso.
O avião divide o espaço com gaivotas e parece querer tocar o mar.
Chegamos.
Suave, macio.
domingo, 5 de janeiro de 2014
Goiás Velho, Brasil
Nosso passeio estava predestinado a dar certo. Fomos na contra mão dos
feriados de fim de ano, no meio da semana, o que ajudou a encontrarmos
logo um táxi ao chegarmos em Goiás Velho que ficou à nossa disposição
até o último dia por R$10,00 a cada corrida. E parecia só haver dois na
rodoviária naquela cidade sem movimento. Ainda dentro do ônibus, já
entrando na cidade, consegui também o melhor quarto, no melhor hotel,
sem reserva prévia e com desconto oferecido pela recepcionista. E sem
pechinchar. Avisamos que iríamos jantar primeiro e procuramos o melhor
restaurante sugerido pelo Guia Brasil 2010, o Goiás.com.
O problema é
que em três anos as coisas mudam e o "melhor" já tinha sido fechado.
Migramos para outro, sugerido pelo taxista e bem cotado pelos guias de
turismo também, o Dalí.
Restaurante Dalí |
Portas abertas, estava vazio. Entramos com a sensação de que invadíamos uma
casa no século XVIII, toalhas coloridas, mobiliário de época, cortinas
de renda nas janelas. As mucamas, na cozinha exposta, descascavam
batatas.
De repente mais luzes foram acesas e o som de sertanejo
universitário nos fez voltar ao presente quando um jovem com sotaque
ccarregado em "Rs" soltos e "Ss" sibilantes veio nos servir.
Escolhemos
empadão goiano como entrada, seguido por arroz de frango com pequi.
Duas
sobremesas típicas da região, licor de jenipapo e maracujá na saída.
Chamamos "nosso táxi".
Empadão goiano |
Ao
deixarmos o restaurante, chuva e trovoadas. E como de propósito, toda a cidade
ficou às escuras, se guardando como surpresa para o dia seguinte. Passamos por
ruas sem ver um centímetro sequer, somente o que iluminava os faróis do carro.
As luzes voltaram a serem acesas como por encanto, logo ao chegarmos na entrada
do hotel.
Ficou noite na cidade |
GOIÁS VELHO EM UM DIA
Cansados após horas de viagem de ônibus desde Brasília, chegamos tarde e a chuva durou toda a noite servindo como música para um sono profundo e merecido.
O quarto 17 do Hotel Vila Boa era espaçoso com cama de casal e solteiro para os três, ar, frigobar e TV.
Havia uma varanda com vista para a piscina e o jardim. A Serra da Mesa completava a cena como moldura, ao fundo.
Muito verde.
A CASA DE CORA
Fomos à pé para o centro da cidade. Mangueiras carregadas de frutas por toda parte.
Nosso passeio começou pela casa de Cora, aonde não se pode fotografar. Uma casa linda, à beira do rio Vermelho, com sua história, seus momentos, seus pertences.
Casa de Cora Coralina |
A cozinha com vista para o jardim é por onde a visita começa, com destaque para o fogão à lenha e enormes tachos de cobre. Fotos da família, de toda época e por todo lado, assim como fotos de Cora ao lado de pessoas ilustres como Jorge Amado. A biquinha, fonte de água doce e cristalina, surge por debaixo da casa, correndo por um tronco de madeira nobre, no porão cedido às noites para Maria Grampinho repousar, uma andarilha da cidade.
"Biquinha, és banho e refrigério, copo de água cristalina e azul para a sede de quem fez longa caminhada às vertentes do passado e volta vazia às origens da sua própria vida"
Cora Coralina
Maria Grampinho personificada pelo artesanato local. |
Como doceira, era exemplar. Seria bom se ainda fosse viva para provarmos seu talento, mas o conselho de alguém nos levou a dona Augusta que hoje mantém o segredo da receita das rosas de coco, doces cristalizados, de limão galego e do pastelinho, característicos da região.
OS DOCES DE GOIÁS
Por sorte, conseguimos provar essas delícias por desistência de alguém que até então não tinha ido buscar suas encomendas, caso contrário não teríamos tido a chance de conhecê-los.
As rosas feitas de coco |
Os doces da dona Augusta |
De posse dos doces caseiros, nos sentamos na pequena escada da Igreja D'Abadia esperando até que ela abrisse, na ladeira com calçada de pé de moleque e casas históricas, janelas com cortinas de renda e luminárias do século XVIII.
O pequeno degrau da Igreja D'Abadia |
- se deliciando com os doces de Goiás?
A IGREJA DE NOSSA SENHORA D'ABADIA
O pequeno templo foi construído com esmolas do povo em 1790
pelo padre Salvador dos Santos Batista. É considerada um dos mais significativos exemplares da arquitetura religiosa de Goiás.
Esperamos até 14h quando a
Igreja D'Abadia foi aberta para nós por um vigia, aonde ficamos livres para andar pela
sacristia, observar de perto a beleza da pintura barroca de todo o teto e
admirarmos a cidade pela janela acima da nave principal.
As escadas, o corrimão e o piso de tábuas corridas de madeira antiga pareciam frágeis e que não suportariam o nosso peso. O altar visto de cima |
Pintura barroca no teto da Igreja rica em detalhes |
O
forro da nave apresenta pintura barroca e a cena central representa
Nossa Senhora em torno de um grupo de anjos, de autor desconhecido, mas experiente a se notar pelos detalhes das pinturas.
Rua D'Abadia vista de dentro da igreja do mesmo nome |
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional, dá o nome à rua em que se situa.
Rua D'Abadia |
O MERCADO MUNICIPAL
Os doces da dona Augusta deram uma segurada na fome e conseguimos andar mais sem parar, mas petiscar alguma coisa no Mercado Municipal poderia garantir mais algumas horas antes de sentarmos para almoçar, o que foi acontecer naturalmente só às 19h no Restaurante Flor do Ipê quando a fome, a sede e o cansaço nos venceram.
Mercado Municipal |
O Mercado é antigo, mal conservado e pequeno precisando de pintura mas talvez seja esse ar nostálgico que lhe confere certo charme. Um jardim bem cuidado ao centro, prateleiras de cachaça e pimentas além de cachorro de rua, tudo misturado, passavam pelos nossos olhos. Até que o cheiro de milho cozido aguçou minha curiosidade nos levando até a "cozinha" que fica separada e ao centro aonde a pamonha, o bolinho de arroz, os pastéis de carne com guariroba e o empadão goiano são feitos e levados aos poucos para a vitrine do balcão do bar que escolhemos em um dos boxes com mesinhas e cadeiras, com muitas fotos na parede contando o passado do Mercado desde a época em que se chegava lá montado a cavalo para a compra de especiarias.
Uma boa recepção no Mercado Municipal. Só largou do nosso pé depois da foto: queria sair no blog. |
IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE PAULA
Logo ao lado do Mercado, na mesma praça, fica a Igreja de São Francisco de Paula construída em 1761, a primeira da cidade. Resolvemos conhecê-la. No caminho, ouvi uma mãe comentar com sua filha que se apressasse pois poderiam se molhar na chuva que estava a caminho, mas para mim, o tempo parecia firme.
A igreja já estava fechada, dois turistas íam embora enquanto um jovem preparava sua bicicleta para sair. Concluí que fosse o responsável por aquele local e acertei no palpite. Pedi que abrisse as portas para nós, o que foi prontamente atendido. Sorte de todos, pois conseguimos nos proteger de um pé d'água que de repente surgiu do nada, para minha surpresa. Mas não dos moradores da região, pelo visto. Nos protegemos até o último pingo de chuva, não tínhamos pressa... e o sol se abriu.
A riqueza de detalhes no teto da igreja |
Igreja de São Francisco de Paula |
Protegidos dentro da igreja, esperamos a chuva cair forte por um tempo até que o sol se abriu |
GOIANDIRA DO COUTO
"Eu acordei e ouvi uma voz: pinte um quadro de areia"
Voltamos então para a rua D'Abadia que era caminho para a casa de outra artista famosa da cidade de Goiás, dona Goiandira, que pintava quadros com areia colorida extraída da Serra da Mesa. Ela conseguia 505 tons diferentes de cor de areia (cor natural) para colorir seus quadros com o dedo. Mas a porta do museu não abria:
- Uai, a casa não abre desde que a véia morreu...
Informou um morador que passava.
Dona Goiandira morreu há um ano, aos 95 anos e a casa foi fechada pela família desde então.
Artista local usando a mesma técnica de Goiandira |
505 tons diferentes de areia natural da Serra Dourada |
Goiandira começou a pintar ainda menina. Aos 16 anos recebe a primeira premiação. Aos 18 realiza a primeira coletiva de pinturas a óleo sobre tela. Aos 52 anos começa a pintar com as areias da Serra Dourada, técnica única e exclusiva que a torna reconhecida internacionalmente.
A CAMINHO DA IGREJA DE SANTA BÁRBARA
Encontramos o lado mais simples do centro histórico com casas não tão bem conservadas e algumas de alvenaria, além do comércio local. Do alto podíamos ver melhor todo o vale.
Carteiro entregando correspondência local |
IGREJA DE SANTA BÁRBARA
Outra igreja que visitamos foi a Igreja de Santa Bárbara. Pelo musgo que se forma no chão, dá pra notar que ela só abre no dia da santa, ou seja, uma vez ao ano. Uma escadaria de um pouco mais de 100 degraus nos leva até o topo de um pequeno morro aonde fica a igreja e de onde se poderia ver toda a cidade, não fosse as árvores à volta
Igreja de Santa Bárbara |
Muito musgo no chão, sugerindo que é pouco visitada. A igreja só abre uma vez por ano. |
VOLTANDO AO CENTRO HISTÓRICO
Andar pela cidade é um achado em cada esquina. Voltar ao passado ou estar no presente de qualquer cidade do interior. Carteiro, doceiras, campanha contra o mosquito da dengue.
O bate-papo na praça, as fofocas das beatas, "o melhor sorvete de coco do mundo" no coreto.
Cachorro de rua, cheiro de comida caseira e gostosa.
AS FLORES DO CAMINHO
IGREJA MATRIZ DE SANT'ANA
OS MUSEUS DE GOIÁS
Abrimos igrejas, fechamos museus. Parece que a cidade estava à nossa disposição. Muitas vezes éramos os únicos no local e os funcionários esperavam tranquilos a nossa saída para que as portas se fechassem. E isso aconteceu mais de uma vez.
Todos os museus tinham guias uniformizados dispostos a contar suas histórias "de cor e salteado" a cada espaço percorrido. "De cor" porque não era gravado nem lido "e salteado" pois podiam ser interrompidos por nossa curiosidade, sem perderem o fio da meada.
PALÁCIO CONDE DOS ARCOS
O prédio leva esse nome em homenagem ao primeiro governador da então capitania de Goiás, Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos. Era popularmente conhecido como a "casa chata" pelo seu aspecto alongado. De arquitetura barroca, foi construída no século XVIII por D João VI para acolher Dom Marcos, a seu pedido, por "não haver nenhum local digno de um governador".
Os móveis do palácio eram trazidos de longe e não vinham embalados com plástico bolha como nos dias de hoje. Por isso, a chegada desta peça causou o maior escândalo na cidade. A moça de feições finas, cabelos lisos e portando jóias mais parecia uma rameira (prostituta) do que uma escrava ou indígena. Foi pedido que o móvel não entrasse no palácio, mas não houve jeito e até hoje ele ocupa a sala de jantar que na época era ocupado somente pelos homens, ´pois as mulheres faziam suas refeições à parte.
Mas o que vemos hoje são muitas peças do mobiliário adquiridas em antiquários em muitos estilos e épocas diferentes.
Simbolicamente, a capital do Estado é transferida ´por alguns dias para a cidade de Goiás, em 25 de julho, no dia se seu aniversário.
MUSEU DE ARTE SACRA DA BOA MORTE
A igreja de Nossa Senhora da Boa Morte é a maior igreja colonial na cidade de Goiás, cujos vínculos remontam às igrejas de descendência africana. Apesar de ter sofrido um incêndio devastador em seu interior, a fachada ainda permanece conservada. No século XVIII, os pardos de Vila Boa veneravam uma imagem de Nossa Senhora da Boa Morte.
Um passeio guiado por um acadêmico em história pelo interior da Igreja nos levou ao passado.
MUSEU DAS BANDEIRAS
Casa de Câmara e cadeia
Artesanato peculiar e único com santos de tecido e madeira, telas pintadas com areia e cafeterias em algumas lojinhas.
AS FLORES DO CAMINHO
Urucum nas ruas |
Flor de urucum |
PRACINHA E CORETO
Sorvetes de frutas do cerrado no coreto da praça. Disseram que é aonde há o melhor picolé de coco do mundo! |
Praça |
IGREJA MATRIZ DE SANT'ANA
Ou Igreja da Irmandade de Nossa Senhora dos Pretos, teve sua construção efetivada em 1734, sendo o segundo edifício religioso da cidade.
Na década de 1930, foi demolida para dar lugar ao edifício atual.
Na década de 1930, foi demolida para dar lugar ao edifício atual.
Em seu interior apresenta pinturas da década de 1950 executadas pelo italiano Frei Nazareno Confaloni, iniciador no modernismo nas artes em Goiás.
OS MUSEUS DE GOIÁS
Abrimos igrejas, fechamos museus. Parece que a cidade estava à nossa disposição. Muitas vezes éramos os únicos no local e os funcionários esperavam tranquilos a nossa saída para que as portas se fechassem. E isso aconteceu mais de uma vez.
Todos os museus tinham guias uniformizados dispostos a contar suas histórias "de cor e salteado" a cada espaço percorrido. "De cor" porque não era gravado nem lido "e salteado" pois podiam ser interrompidos por nossa curiosidade, sem perderem o fio da meada.
PALÁCIO CONDE DOS ARCOS
O prédio leva esse nome em homenagem ao primeiro governador da então capitania de Goiás, Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos. Era popularmente conhecido como a "casa chata" pelo seu aspecto alongado. De arquitetura barroca, foi construída no século XVIII por D João VI para acolher Dom Marcos, a seu pedido, por "não haver nenhum local digno de um governador".
Os móveis do palácio eram trazidos de longe e não vinham embalados com plástico bolha como nos dias de hoje. Por isso, a chegada desta peça causou o maior escândalo na cidade. A moça de feições finas, cabelos lisos e portando jóias mais parecia uma rameira (prostituta) do que uma escrava ou indígena. Foi pedido que o móvel não entrasse no palácio, mas não houve jeito e até hoje ele ocupa a sala de jantar que na época era ocupado somente pelos homens, ´pois as mulheres faziam suas refeições à parte.
Os seios desnudos no detalhe da cristaleira foram motivo de escândalo na época |
Mas o que vemos hoje são muitas peças do mobiliário adquiridas em antiquários em muitos estilos e épocas diferentes.
Simbolicamente, a capital do Estado é transferida ´por alguns dias para a cidade de Goiás, em 25 de julho, no dia se seu aniversário.
O quarto do convidado do governador em dia de festa na cidade |
MUSEU DE ARTE SACRA DA BOA MORTE
O sino no exterior da igreja |
A igreja de Nossa Senhora da Boa Morte é a maior igreja colonial na cidade de Goiás, cujos vínculos remontam às igrejas de descendência africana. Apesar de ter sofrido um incêndio devastador em seu interior, a fachada ainda permanece conservada. No século XVIII, os pardos de Vila Boa veneravam uma imagem de Nossa Senhora da Boa Morte.
Um passeio guiado por um acadêmico em história pelo interior da Igreja nos levou ao passado.
Casa de Câmara e cadeia
O interior das celas |
Artesanato peculiar e único com santos de tecido e madeira, telas pintadas com areia e cafeterias em algumas lojinhas.
Casas antigas viram loja e em cada quarto, muito objeto para venda. Mais próximo à cozinha, uma pausa para o café |
Muitas são as lojinhas de artesanato |
Namoradeira |
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